January 29, 2018

Qual a taxa de insucesso dos dispositivos de ancoragem temporária?

 

Os dispositivos de ancoragem temporária (DATs) têm revolucionado a mecânica de tratamento ortodôntico. A revisão sistemática a seguir nos traz informações úteis.

Os DATs são relativamente novos no tratamento ortodôntico. Está claro que esta simples forma de tratamento tem mudado a Ortodontia. Por exemplo, uma revisão sistemática de RCTs mostrou que, em média, ganhamos por volta de 1,7 mm de ancoragem adicional sobre as outras formas de reforço de ancoragem. Essa nova revisão sistemática nos traz ótimas informações sobre as taxas de insucesso desses úteis dispositivos.

Miniscrews failure rate in orthodontics: systematic review and meta-analysis. Fahad Alharbi, Mohammed Almuzian and David Bearn

EJO Advanced access: doi:10.1093/ejo/cjx093

Um grupo de Dundee, na Escócia, fez o estudo. O European Journal of Orthodontics o publicou.

Eles fizeram o estudo para responder à pergunta:

“Qual é a taxa de insucesso de mini-implantes DATs”?

O que eles fizeram?

Eles fizeram uma boa e simples revisão sistemática. A PICO foi:

Participantes: Pessoas em tratamento ortodôntico que envolvia a colocação de mini-implantes.

Intervenção: Mini-implantes para reforçar a ancoragem.

Desfecho: O desfecho primário foi o insucesso em termos de mobilidade e infecção que levou a perda do mini-implante. Eles também observaram os fatores associados à queda do mini-implante.

Eles fizeram uma busca eletrônica padrão e procuraram por estudos clínicos randomizados e estudos cohort prospectivos publicados até julho de 2017. Quando obtiveram os artigos, eles avaliaram o viés nos RCTs com a ferramenta da Cochrane e nos estudos cohort prospectivos com a escala Newcastle-Ottowa.

O que eles encontraram?

Eles identificaram uma amostra final de 46 artigos. Dezesseis deles foram RCTs e 30 foram estudos cohort prospectivos. Setenta e oito por cento dos estudos foram feitos em Universidades. Eles obtiveram dados de 3.250 mini-implantes.

Quando analisaram o risco de viés, somente 2 dos RCTs tiveram um baixo risco. Isto aconteceu basicamente por conta de problemas no cegamento, alocação e ocultamento. Eles acharam que os estudos cohort prospectivos tiveram qualidade mediana.

A taxa de insucesso dos DATs variou de 0 a 48%. A taxa de insucesso agrupada foi de 13,5% (IC 95% = 11,5-15,9). Importante lembrar que eles procuraram por qualquer efeito do desenho do estudo sobre os resultados ao avaliar somente RCTs. Eles encontraram uma taxa de insucesso nos RCTs de 13.3% (IC 95% = 9,7-18).

Por fim, eles procuraram por qualquer possível preditor da taxa de insucesso avaliando as características do mini-implante, idade do paciente e local de inserção (maxila ou mandíbula). Eles não encontraram nada.

O que eu pensei?

Eu mencionei anteriormente que, possivelmente, já existem revisões sistemáticas demais e com qualidades variadas. Portanto, eu fiquei satisfeito em ver esta revisão bem feita e simples que tentou responder a uma importante pergunta clínica. Os autores ressaltaram na conclusão que existiu um problema com o risco de viés nos estudos. Eu acho que este é um problema comum com a pesquisa ortodôntica e que influencia nos achados dos estudos. Assim, nós precisamos interpretar com cuidado os achados desta revisão. Eu fiz isso e levei em consideração o seguinte:

A revisão foi bem conduzida;

  • Os vieses foram apresentados e relatados com clareza;
  • Os autores analisaram os resultados dos RCTs e dos estudos prospectivos;
  • Os resultados foram claramente relatados;
  • A intervenção foi de baixo risco e baixo custo.

Minha conclusão geral foi que o nível de evidência da revisão sistemática foi de moderado a baixo.

Se eu fosse utilizar esta informação para os meus pacientes, utilizaria o intervalo de confiança a 95% dos RCTs. Assim, eu os deixaria saber que a média da taxa de insucesso dos DATs está entre 10 e 18 por cento com alguma confiança.

Traduzido por Klaus Barretto Lopes

Instrutor de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Professor Visitante da Universidade de Manchester, Inglaterra, Reino Unido

 

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