August 13, 2018

Agarre-se ao que você tem: Um novo estudo sobre contenção ortodôntica

Não sabemos qual é o melhor método de contenção ortodôntica. Este estudo ambicioso pode nos ajudar a encontrar a resposta.

A contenção ortodôntica é uma das áreas mais controversas da Ortodontia. Por isso, existem muitos métodos de contenção. Porém, nós realmente não sabemos qual é o melhor método de contenção ortodôntica.

Este novo estudo nos traz informações muito úteis. Um grupo de Londres, no sul da Inglaterra, fez o estudo. O AJODO o publicou.

Effects of fixed vs removable orthodontic retainers on stability and periodontal health: 4-year follow-up of a randomized controlled trial

Dalya Al-Moghrabi et al

Am J Orthod Dentofacial Orthop 2018;154:167-74

https://doi.org/10.1016/j.ajodo.2018.01.007

Em sua introdução, os autores mencionaram que mesmo existindo muitos estudos sobre contenção ortodôntica, nenhum deles acompanhou os pacientes por mais de dois anos. Assim, eles se propuseram a fazer um estudo que observasse a performance da contenção por um período de, pelo menos, quatro anos. Isso é muito ambicioso. Vamos ver como eles se saíram.

Eles perguntaram:

 

“Os desfechos secundários foram a saúde gengival e o acúmulo de placa”.

O que eles fizeram?

Este foi um acompanhamento de longo prazo de um estudo prévio no qual eles observaram a estabilidade após 18 meses. Eu postei sobre ele antes.  Eu achei que foi um bom estudo.

A PICO foi:

Participantes: 82 pacientes ortodônticos que tinham completado o tratamento;

Intervenção: Contenção colada feita com fio coaxial 0,175”;

Comparador: Contenção prensada a vácuo (CPV). Eles usaram a CPV durante seis meses em tempo integral, somente a noite por outros seis meses e em noites alternadas pelo período entre 12 e 18 meses;

Desfecho: Índice de Little e várias medidas de saúde periodontal.

A randomização, a geração de sequência, a ocultação de alocação, o cálculo de tamanho de amostra foram adequados e análises estatísticas relevantes foram conduzidas.

O que eles acharam?

Eles recrutaram 82 pacientes para o estudo. Após quatro anos, 42 deles permaneceram no estudo. Isto representa uma perda de 50%.

A mediana aumentou em irregularidade em 2,37mm no grupo CPV e 0,85mm no grupo com contenção fixa. A diferença na mediana foi de 1,64mm. Eles não encontraram nenhum outro efeito.

Quando analisaram os resultados periodontais, não encontraram nenhuma diferença entre os aparelhos de contenção. Porém, acharam que houve significante acúmulo de placa e inflamação gengival para ambos os tipos de contenção.

Eles relataram que a taxa de falta de colaboração para o grupo CPV após quatro anos foi de 67%.

As conclusões deles foram:

  • Os aparelhos de contenção fixos são mais efetivos que as CPVs;
  • Ambos os tipos de contenção estiveram associados à inflamação gengival e ao acúmulo de placa.
O que eu pensei?

Este foi um estudo interessante e ambicioso. Foi interessante observar que em seu estudo prévio, nos mesmos pacientes, não foram encontradas diferenças entre os aparelhos de contenção. Isso sugere que, na medida em que o período de contenção vai aumentando, os aparelhos de contenção fixos se tornam mais efetivos. Isso deve estar relacionado aos altos níveis de falta de colaboração para o grupo CPV.

Ainda que este estudo seja bom, eu fiquei preocupado com a alta taxa de perda. Foi bom ver que não existiu diferença de perda entre os grupos. Também foi importante que o estudo ainda tivesse força o suficiente.

Infelizmente, não sabemos se os participantes que desistiram eram diferentes dos que permaneceram no estudo. É provável que isso tenha causado viés. Por exemplo, aqueles que retornaram podem ter ficado preocupados com a sua recidiva. Ou aqueles que desistiram podem não ter sido colaboradores com as suas contenções. Assim, sabemos que existe viés, mas não sabemos em que direção.

Finalmente, todos sabemos da dificuldade de se acompanhar os nossos pacientes no longo prazo. Eu acho que os autores devem ser parabenizados pelo estudo. Seus achados são clinicamente significativos. Apesar disso, você deve fazer a sua própria interpretação deste estudo por conta da alta taxa de desistência que eles relataram.

Traduzido por Klaus Barretto Lopes

Instrutor de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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