September 24, 2018

Os lembretes por mensagem de texto podem ajudar na correção da Classe II?

Os lembretes por mensagem de texto podem ajudar na correção da Classe II?

Nós gostaríamos que os pacientes respondessem aos lembretes sobre os seus tratamentos. Este novo estudo mostra que as mensagens de texto são efetivas. Vale uma lida!

Os resultados que conseguimos com os tratamentos dependem das nossas habilidades e da cooperação dos pacientes. Recentemente, têm sido desenvolvidos lembretes para os pacientes por meio de mensagens de texto e outras mídias sociais. Este é um estudo clínico interessante que nos traz alguns achados clinicamente muito relevantes.

Este estudo foi feito por um grupo de Bauru, no Brasil. O Angle Orthodontist o publicou. Isso significa que o acesso é aberto e qualquer um pode ler o artigo.

The influence of text messages on the cooperation of Class II patients regarding the use of intermaxillary elastics

Simone Maria Massud Leone et al

Angle Orthodontist: Advance access

DOI: 10.2319/011218-31.1

Eles se propuseram a responder à questão?

“Os lembretes em mensagens de texto influenciam na cooperação de pacientes ortodônticos?”

O que eles fizeram?

Eu acho que eles fizeram um estudo clínico randomizado controlado. A PICO foi:

Participantes: Pacientes ortodônticos com má-oclusão de Classe II tratados sem extração. A correção da Classe II foi alcançada com elásticos de Classe II;

Intervenção: Lembretes em mensagens de texto;

Controle: Tratamento convencional sem lembretes;

Resultados: Medições da discrepância sagital dos arcos medidas em modelos de estudo obtidos no início do uso dos elásticos (T1) e três meses depois (T2);

Eles incluíram 42 pacientes no estudo e os dividiram em dois grupos iguais com 21 pacientes cada. Eles deram informação limitada sobre a sequência de geração da randomização. Não encontrei nenhuma informação sobre a ocultação e o consentimento. Eles fizeram o cálculo do tamanho da amostra. O operador e o paciente não puderam ser cegados para a alocação do tratamento. Apesar disso, os modelos foram avaliados cegamente.

Eles enviaram as mensagens de texto via WhatsApp duas vezes por semana durante o período de três meses do estudo.

Eles mediram a discrepância sagital dos segmentos vestibulares fazendo-se marcas nos modelos de estudo nos espaços interproximais entre os caninos superiores e os primeiros pré-molares, e entre os segundos pré-molares inferiores e primeiros molares. Em seguida eles mediram a distância entre estes pontos com um paquímetro digital. Finalmente, eles conduziram um teste estatístico univariado simples entre os grupos.

O que eles encontraram?

Primeiramente, eles acharam que o método utilizado para as medições era reprodutível com um erro médio de 0,03 a 0,09. Eles apresentaram várias medidas nos resultados. Eu decidi me concentrar nas medidas finais dos grupos controle e intervenção.

Quando estamos interpretando os resultados de um estudo clínico, a forma mais simples é considerar os valores finais da medida de desfecho. Para este estudo, a distância média entre as marcações (grau de Classe II) para o grupo experimental foi de 15,35 (DP=1,33) e para o grupo controle foi de 16,7mm. Isto resultou numa diferença de 1,42mm que foi estatisticamente significante. Eu incluí estes dados nesta tabela simples:

 

  Experimental Controle Diferença
Distancia média (mm) 15,35 (14,7-15,9) 16,7 (16,3-17,3) 1,42 (0,59-2,2)

 

Eles também sugeriram que o grupo que usou o lembrete em texto mostrou uma correção da Classe II 3,7 vezes maior que o grupo controle.

O que eu achei?

Eu achei que foi um estudo interessante. Os principais pontos positivos do estudo foram que os autores tentaram fazer uma pergunta clinicamente relevante utilizando uma metodologia de estudo clínico controlado. Eu também achei que o método deles de medir os resultados foi claro, simples e clinicamente relevante. O modo como eles mediram os resultados da intervenção/tratamento foi uma ótima alternativa para medir o uso de elásticos.

Eu fiquei desapontado por não achar muitos detalhes sobre a randomização e a ocultação. Isto é muito importante, pois precisamos ver como isto foi feito para avaliar a possibilidade de viés no estudo. Isto também é uma exigência da declaração CONSORT sobre o relato de estudos clínicos randomizados controlados e não sei se a Angle Orthodontist é seguidora dela.

Finalmente, os autores alegam que as mensagens de texto resultaram numa correção da Classe II 3,7 vezes maior. Sempre que alguém relata algo assim, nós devemos avaliar o tamanho do efeito. Neste estudo, ele foi de 1,4 mm e parece que isto é clinicamente significante. Porém, quando analisamos os intervalos de confiança da diferença, achei que foram muito amplos. Isto significa que precisamos interpretar estes dados com um certo grau de cautela. Entretanto, está claro que deve existir um efeito dos lembretes e acho que eu tentaria isso na minha clínica para ver se posso obter níveis maiores de cooperação dos meus pacientes.

 

Traduzido por Klaus Barretto Lopes

Instrutor de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

 

 

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