Quantos pacientes têm desordens respiratórias do sono?
A desordem respiratória do sono (DRS) é um problema sério para a criança. Esse novo artigo nos traz informações sobre a potencial prevalência da DRS num grupo de pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico.
O papel da DRS na etiologia da má-oclusão não está claro.Porém, a dúvida é pequena de que a DRS pode trazer problemas sérios para as crianças. Por exemplo, a DRS leva à hiperatividade, que pode ser mal diagnosticada como um déficit de atenção. Como o ortodontista vê um grande número de crianças para tratamento, é importante que consigamos identificar se algum dos nossos potenciais pacientes tem DRS. O AJODO publico o artigo e um grupo de Cleveland, em Ohio, fez o estudo.
Sleep disordered breathing in children seeking orthodontic care
Ashok K. Rohra, et al
AJO-DDO Am J Orthod Dentofacial Orthop 2018;154:65-71 https://doi.org/10.1016/j.ajodo.2017.11.027
Eles fizeram a seguinte pergunta:
“Qual é a prevalência da DRS em crianças que se apresentam para um tratamento ortodôntico?”
O que eles fizeram?
Eles fizeram um estudo de triagem em 303 crianças que receberam atendimento na clínica de Ortodontia entre janeiro de 2014 e março de 2016. Eles incluíram todas as crianças que não haviam recebido tratamento ortodôntico prévio. Cada paciente completou o Questionário Pediátrico do Sono (QPS), que é um instrumento validado que também é utilizado por outros estudiosos. É importante ressaltar que tal questionário possui uma acurácia razoável quando comparado à polissonografia. Eles utilizaram o QPS para identificar os pacientes que seriam potenciais candidatos a ter DRS. Este é um método simples e objetivo de coletar dados.
O que eles encontraram?
Eles estabeleceram um ponto de corte para a DRS como 33% de respostas “sim” às questões. Eles encontraram que 44% das crianças não tiveram respostas positivas e 7% foram identificadas como possuindo um risco claro de DRS.
A conclusão geral deles foi que a DRS era um problema potencial para uma razoável proporção de pacientes encaminhados para o tratamento ortodôntico. Quando eles consideraram outros dados, outros estudos têm sugerido uma prevalência entre 0,7 e 13% das crianças com DRS. Porém, parte dessas variações deve ser devido aos diferentes métodos de medidas utilizados.
Eles também sugeriram que, em média, uma clínica ortodôntica nos EUA deve ver entre duas e três crianças com DRS.
Finalmente, eles concluíram que se os ortodontistas examinassem seus pacientes rotineiramente para DRS e encaminhassem aqueles com DRS, eles estariam prestando um serviço de saúde mais adequado.
O que eu pensei?
Eu tenho pensado que os estudos mais simples são, potencialmente, os mais úteis, pois eles fazem uma pergunta simples e usam métodos simples. Este é um estudo desses. Os autores utilizaram um questionário validado simples e deram para os pacientes deles. Os achados são relevantes para uma população de pacientes que procura tratamento ortodôntico. Porém, precisamos considerar que a população de uma clínica de uma escola de odontologia pode ser diferente daquela encaminhada para o consultório particular. Mas isso não é um problema importante.
Eu também fiquei feliz pelos autores discutirem que o achado é relevante para o encaminhamento dos pacientes daqui em diante. É importante ressaltar que eles não utilizaram uma amostra pequena para “disparar” uma crítica excessivamente rigorosa sobre o tratamento ortodôntico da DRS.
Finalmente, foi bom ver um estudo simples e bem escrito que possui achados clínicos relevantes. Será que deveríamos utilizar rotineiramente este método para avaliar os nossos pacientes com relação à DRS? Vamos discutir sobre isso.
Traduzido por Klaus Barretto Lopes
Instrutor de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil