May 29, 2018

A reabsorção radicular de origem ortodôntica é um problema? Uma nova revisão sistemática

A reabsorção radicular de origem ortodôntica é um “efeito colateral” comum no tratamento ortodôntico. A presente revisão sistemática nos traz boas informações sobre isso.

Todos sabemos que é comum a Reabsorção Radicular Induzida pelo Tratamento Ortodôntico (RRITO). Vários estudos têm relacionado a quantidade de reabsorção radicular à diversas causas possíveis. Seriam exemplos a duração do tratamento, o tipo de aparelho e a força aplicada. Mesmo que tenham trazido informações úteis, a maioria tem usado radiografias 2D. Recentemente, as imagens da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) têm possibilitado a realização de medidas mais acuradas da RRITO. Assim, os autores fizeram esse novo estudo para responder a seguinte pergunta:

“Qual é a quantidade média de RRITO medida em imagens de TCFC?”

Um grupo de Thessaloniki, na Grécia, fez o estudo. A EJO publicou o artigo:

Evaluation of orthodontically induced external root resorption following orthodontic treatment using cone beam computed tomography (CBCT): a systematic review and meta-analysis.

A Samandara et al

EJO on line: DOI:10.1093/ejo/cjy027

O que eles fizeram?

Eles fizeram uma revisão sistemática padrão da literatura. A PICO foi:

Participantes: Pacientes em tratamento ortodôntico na dentição permanente.

Intervenção: Tratamento ortodôntico.

Desfecho: A quantidade de reabsorção radicular medida em imagem de TCFC.

Eles usaram a já consagrada metodologia de revisão sistemática. Eles conduziram buscas nas bases de dados eletrônicas, coletaram os dados e fizeram a análise de risco de viés dos estudos. Eles incluíram estudos clínicos randomizados (ECR) e estudos retrospectivos não-randomizados. Eu vou falar mais sobre isso depois.

O que eles encontraram?

Eles identificaram 30 publicações. Seis delas foram ECR, 6 foram estudos retrospectivos não-randomizados e 18 foram estudos retrospectivos. Ao todo foram incluídos dados de 1219 pacientes com idades variando entre 11 e 26,6 anos.

Eles acharam que 4 dos estudos possuíam um alto risco de viés.

Eles apresentaram uma grande quantidade de dados no texto e nas tabelas. Eu agrupei o que achei ser os dados principais na tabela a seguir:

 

Média RRITO e 95% IC (mm)
Aparelho fixo 0,8 (0,5-1,0)
RME 0,4 (-1-0,7)
Dentes anteriores 0,9 (0,6-1,1)
Dentes posteriores 0,2 (-0,3-0,8)
O que eu achei?

Eu achei que esta revisão pode ter nos trazido alguma informação importante. Porém, precisamos ter cuidado ao interpretar os resultados. Isso porque eles incluíram estudos retrospectivos na revisão. Além disso, eles classificaram todos estes estudos como sendo de alto risco de viés, fazendo com que os dados destes estudos possuam vieses. É importante que consideremos que para uma revisão sistemática ter valor, ela deveria apenas incluir ECRs. Assim, precisamos ter cautela com estes achados.

Apesar disso, eles conduziram uma análise de sensibilidade que mostrou que os estudos retrospectivos tenderam a mostrar maiores RRITO (1,0mm) do que os estudos prospectivos (0,6mm)

Em resumo, eu acho que podemos concluir, com certa cautela, que quando a TCFC é utilizada para medir RRITO, a quantidade média de reabsorção é entre 0,6 e 0,8mm. Isso é baixo e reconfortante.

Traduzido por Klaus Barretto Lopes

Instrutor de Ortodontia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

 

 

 

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